Essa Mulher é minha Mãe

Muitas mulheres marcam deliciosamente a minha vida. Todas são especiais; nove são musas. Mas uma delas se destaca... Uma mulher que jamais quebrou as lanças da minha ousadia, e nunca pensou em cortar-me as asas de pássaro livre. Uma mulher que me apóia com entusiasmo, incentiva os meus saltos profundos e me aplaude em todas as conquistas. Ela compreende os meus gestos, mesmo quando parados no ar. Ela me aceita como sou, inteiramente. E me faz acreditar, cada vez mais, que o verdadeiro amor é a união gostosa de duas espontaneidades, a fusão poética de dois devaneios.

Essa mulher é minha mãe.



Algumas pessoas são abençoadas por um Deus só; outras, por vários. E umas poucas por todos Eles. É o caso da minha Mãe. Um dia, era uma tarde ensolarada de domingo lá no céu, depois do almoço, os anjos todos tocando harpa, São Pedro cochilando numa moitinha de capim. Tudo calmo, quieto, modorrento... E Deus, ou melhor, Jupiter, lá num canto, sentado numa pedra, coçando o saco e pensando na Vida, resolveu fazer uma boa ação. Levantou-se, calçou as havaianas, se espreguiçou, e chamou todos os Outros.

— Venham cá, meus queridos: vamos fazer uma Arte...

Jupiter reuniu os Deuses em torno de si, deu um click no Brasil, e disse:
"Vai ser aquela menina lá!"
. E apontou seus divinos dedos em direção a uma criança que estava correndo no quintal de uma casinha de madeira lá no Sul do Paraná.

Então todos Eles deram-se as mãos e gritaram em todas as línguas:


— Seja bem-vinda, Iracy!

E a menina, que brincava correndo no quintal do Paraná, sentiu um arrepio na espinha, uma espécie de calorzinho inexplicável. Olhou prá cima e não entendeu o que tinha acontecido — e continuou a brincar. Até hoje ela diz que não sabe bem qual foi a causa do arrepio...

Tinha que ser assim. Afinal, ela já estava grávida de Mim desde que nasceu.


Bem-vinda ao clube, Mãe!


Esta é uma homenagem à minha Mãe, que já está me esperando para o Natal. Texto escrito em 06 de dezembro de 2010.







A seguir, um texto que escrevi em 2005, numa manhã ensolarada de domingo, no Guarujá, quando acordei e vi uma foto dela ao meu lado, num quadrinho de moldura dourada:




Hoje acordei de manhã, esparramado na sala depois de ver o começo de um filme, e havia uma mulher me acariciando, emoldurada, pertinho do meio copo de vinho vermelho caído no chão que esqueci de tomar, entusiasmada, segurando uma bacia de girassóis. Essa mulher, que nunca vi triste, que incentivou sempre todos os meus amores, me inspira suspirando, me aceita como sou — e me diz, toda hora, que o verdadeiro amor é a união de duas espontaneidades, a fusão desgovernada de dois devaneios. Me ama, eu sei, mas antes de me amar, sei que ama o infinito absoluto onde eu danço as minhas próprias escolhas profundas. Desde que nasci, essa mulher me alimenta de leite, amor, vitaminas, desapego, matemática, feijão, arroz e liberdade. Achava melhor ensinar-me a ser homem do que pregar-me um botão. Toda noite me contava histórias pra que eu não dormisse. Cantava o Kyrie Eleison como se fosse uma canção de ninar pelo avesso. Jamais quebrou as lanças da minha ousadia, nem pensou em cortar-me as asas de pássaro livre. Ainda me ampara com firmeza, sustenta-me a alma e me aplaude as loucuras. Nunca brigamos. Mil quilômetros nos separam hoje, mas sei que ela me ama da única forma que uma mãe ama seu filho: incondicionalmente. A recíproca também é verdadeira. Então dou um beijo na boca da foto, me viro de lado e volto a ver Kurosawa. Quero sonhar com Van Gogh de novo. E, porque sou produto escandaloso de uma deliciosa mitologia grega, sonharei com Freud também, naturalmente.






Ela hoje (31/10/2007) está meio doente e mais de mil quilômetros nos separam. Mil quilômetros e uma crueldade impressionante: não posso nem falar com ela para dizer-lhe a minha dor. Não me deixam nem sequer telefonar pra ela. Trocaram o número do telefone dela... Então, só me resta chorar por ela. E me lembrar das canções de ninar que ela cantava para que eu não dormisse. Do Kyrie Eleison ao Noel Rosa.

E me lembrar do dia em que eu nasci.

Era um dia de duplas esperanças. Era uma noite de luar azul escandaloso. Era um sábado de aleluias, era hora de metáforas e loucuras. Era uma casinha de madeira e Primavera ao lado de uma bela roseira branca no finzinho de uma rua principal. Como toda mulher inocente, minha mãe havia sido deflorada por um delicado Inspírito Santo. Era madrugada e ela estava sozinha outra vez. Foi então que a Mulher me deu a Luz.

Era o começo de uma história de Amor.





Essa crueldade impressionante nada mais é que a tentativa maldosa de alguns outros filhos de minha mãe, no sentido de, pela primeira vez na história, colocá-la contra mim. Trocaram o telefone dela e não me deram o novo número só para que ela pudesse talvez dizer: "O Edson não tem ligado mais pra mim..." /// Coitadinha da minha Mãe: longe de mim, e rodeada de gente capaz de agir com tamanha maldade! /// Mas isso tudo, três meses depois, foi de certo modo resolvido. E já voltei a falar com ela. Religiosamente, todo domingo ao meio-dia.

E os injustos arrependidos ficam agora sorrindo amarelo...

Essa CENSURA ridícula e maldosa durou até 12/12/2007. Foi quando um dos meus irmãos (Beto, então ainda saudável) me deu o novo número. Até hoje não consigo entender por que fizeram isso comigo. Alguns deles, entre um Rivotril e outro, já começaram a se desculpar. Mas não é preciso. Jamais esquecerei. Essas pessoas já tomaram tantas decisões erradas em suas vidas, que esta foi apenas mais uma. /// Impedir alguém de fazer aquilo que a Lei permite é crime. /// Entretanto, acabo só me lembrando de Sócrates: "Quando um asno te dá um coice, não adianta fazer um B.O."


Mas tudo isso também serviu para que eu criasse um poema...

Edson. Guarujá. 24.12.2007



Atualizando a expressão dos meus sentimentos:

Ter um irmão como eu não deve ser fácil: há mais de vinte anos que não perco a calma, não reclamo da Vida, dou valor secundário às coisas secundárias, e sou um poeta zen, feliz e alegre. O único solteiro entre os irmãos. E não fico doente! Há mais de vinte anos que não tomo nem aspirina... Isso talvez possa causar um certo desconforto espiritual naqueles que se supõem iguais por terem nascido, supostamente, da mesma Mãe. Mal sabem eles que a Mãe de um primogênito é sempre diferente da Mãe dos demais filhos. Tudo muda. E talvez essa injusta medida tomada por eles, no caso da censura ao telefone, foi só uma vã tentativa de arrastar-me para o mundo escuro dos conceitos mal elaborados. Jamais conseguirão.

Eu sempre os compreendi.

Eles jamais me compreenderão...

Com a ajuda do Tempo, e da Biologia, tudo se resolverá.

Bom ressaltar ainda que, nossa convivência sempre foi amorosíssima, em todos os sentidos, em todas as circunstâncias. Até que eles começaram a tomar antidepressivos...

Edson. Palladium. 09.01.2008.






QUARENTA COISAS PRA FAZER EM 2022


01. Tome mais água, mais vinho e mais sol.
02. Escolha melhor os teus próximos amores. Prefira os livres.
03. Viva com mais Entusiasmo, com mais Energia, e com mais Coragem.
04. Arranje sempre algum tempo para planejar o teu futuro.
05. Faça atividades que estimulem o teu cérebro.
06. Leia mais livros do que você leu no ano passado.
07. Fique em silêncio alguns minutos todo dia. Pense. Reflita. Medite.
08. Procure dormir tranquilamente, para acordar de bom humor.
09. Faça exercícios físicos. Caminhe pelo menos 30 minutos por dia.
10. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
11. Não compare a tua vida com a de ninguém. Cada um tem sua história.
12. Seja sempre um otimista racional.
13. Mantenha o controle absoluto dos teus estados de espírito.
14. Não se torne sério demais. Só os alegres vão pro Céu.
15. Só gaste tua preciosa energia com coisas importantes.
16. Sonhe mais. Sem sonho não se cria nada.
17. Saiba que a inveja é um desesperado sinal de fracasso.
18. Jamais conclua apressadamente. Analise antes as premissas.
19. A vida é curta demais para ser tão pouca. Viva mais!
20. Faça as pazes com o teu passado para não estragar o teu presente.
21. Ninguém comanda a tua própria felicidade, a não ser você mesmo.
22. Já que a vida é uma escola — aproveite para aprender.
23. Sorria mais. Encontre motivos para dar umas boas gargalhadas.
24. Não é preciso vencer todas as discussões. Aceite a discordância.
25. Entre mais em contato com teus amigos e com teus amores.
26. Nunca perca uma oportunidade de ajudar alguém.
27. Se não puder perdoar a todos, ao menos os compreenda.
28. Misture-se aos melhores.
29. Jogue fora tudo que não presta.
30. O que outros dizem a teu respeito nunca vai mudar a tua essência.
31. Não permita que um simples idiota comprometa o teu destino.
32. Faça sempre o que é correto, justo e verdadeiro.
33. Procure não trair jamais a tua própria natureza.
34. Deus cura todas as doenças — exceto o mau humor e a maldade.
35. Valorize a própria liberdade, acima de qualquer outra coisa.
36. Não importa como você esteja se sentindo: pratique uma boa ação.
37. O melhor ainda está por vir — em todos os sentidos.
38. Só o que está morto não muda.
39. Preencha o teu coração com alegria, esperança e gostosura.
40. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

TransCriação de Edson Marques sobre um texto da internet + partes do poema Mude.